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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Receita de Ano Novo

Receita de Ano Novo
Por Carlos Drummond de Andrade


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


Texto extraído do "Jornal do Brasil", Dezembro/1997.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Solidão


Não prendo a nada que me defina

Sou companhia,

Mas posso ser solidão, tranqüilidade e inconstância,

Pedra e coração.

Sou abraços, sorrisos, ânimo, sarcasmo, preguiça e sono.

Música alta e silêncio

Serei o que você quiser,

Mas só quando eu quiser.

Não me limito.”

Clarice Lispector

domingo, 9 de outubro de 2011


FIM

Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos berros e aos pinotes

Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas.

Que meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza:
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro...

Mário de Sá Carneiro

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

E-mail


Eu não sei quantos e-mail ainda te escreverei, tenha paciência, talvez este seja o último.

Preciso escrever, falar libertar-me das palavras para poder seguir em paz, ou talvez seja mais um motivo para continuar em contato com você. Será?!

Mas se você não ler jamais ficarei sabendo. É uma dor... quem já sentiu sabe o gosto.

Quando você dizia que iríamos nos ver:

Até o dia seguinte eu me transformava na própria esperança da alegria: eu não vivia... eu aguardava anciosa... sorria para o mundo, sorria para os meus inimigos, sorria para mim mesma, sorria...

Mas o seu plano era diabólico... começei a viver o drama do dia seguinte... "Sabe não deu certo, tó ocupado..." E assim você continuo, quanto tempo?

Seria o tempo que eu quizesse ouvir...

Enquanto o fel não escorresse todo pelo seu corpo,

Enquanto eu não seria mais uma vítima, eu continuaria a ouvir, esperar, ouvir, esperar...

Até que um alívio como um gemido você me disse: "Faça como você quiser"

Não tem mais jeito. Acabou... quando essas palavras aparecem na vida! É assim mesmo.

Como dizia o autor Fernando Caio de Abreu: ""Tô exausto de construir e demolir fantasias. Não quero me encantar com ninguém."

Ivete Vidigoi

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Meu coração tá ferido de amar errado


Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis."

"Meu coração tá ferido de amar errado."

"Acho espantoso viver, acumular memórias, afetos."

"É preciso estar distraído e não esperando absolutamente nada. Não há nada a ser esperado. Nem desesperado."

"Tô exausto de construir e demolir fantasias. Não quero me encantar com ninguém."

"Quem diria que viver ia dar nisso?"

"Mas sempre me pergunto por que, raios, a gente tem que partir. Voltar, depois, quase impossível."

"Loucura, eu penso, é sempre um extremo de lucidez. Um limite insuportável."

"Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra."

"A gente se apertou um contra o outro. A gente queria ficar apertado assim porque nos completávamos desse jeito, o corpo de um sendo a metade perdida do corpo do outro."

Caio F Abreu

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Para viver a dois


Enquanto não superarmos
a ânsia do amor sem limites,
não podemos crescer
emocionalmente.

Enquanto não atravessarmos
a dor de nossa própria solidão,
continuaremos
a nos buscar em outras metades.
Para viver a dois, antes, é
necessário ser um.

Fernando Pessoa

domingo, 28 de agosto de 2011

Esquecer


É inutil esperar por um telefonema seu;

por um e-mail

por uma noticia

É tão triste eu saber que não faço mais parte da sua vida.

É tão triste ouvir da sua boca tantas desculpas para não querer me ver mais

É tão triste saber que você vive dentro de mim

E eu não consigo arraca-lo com as minhas mãos

E o pior eu não consigo traze-lo de volta para mim


Eu tenho que esquecer me para poder te esquecer


Ivete Vidigoi

sábado, 20 de agosto de 2011

Meu coração tá ferido de amar errado


"Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis."

"Meu coração tá ferido de amar errado."

"Acho espantoso viver, acumular memórias, afetos."

"É preciso estar distraído e não esperando absolutamente nada. Não há nada a ser esperado. Nem desesperado."

"Tô exausto de construir e demolir fantasias. Não quero me encantar com ninguém."

"Quem diria que viver ia dar nisso?"

"Mas sempre me pergunto por que, raios, a gente tem que partir. Voltar, depois, quase impossível."

"Loucura, eu penso, é sempre um extremo de lucidez. Um limite insuportável."

"Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra."

"A gente se apertou um contra o outro. A gente queria ficar apertado assim porque nos completávamos desse jeito, o corpo de um sendo a metade perdida do corpo do outro."

Caio F Abreu

sábado, 23 de julho de 2011

Assim


Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada.

Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram.

Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição.

Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés.

Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido.

Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer.

Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho…o de mais nada fazer.

Clarice Lispector

quinta-feira, 21 de julho de 2011

OS POEMAS


OS POEMAS

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Mário Quintana

sábado, 16 de julho de 2011

Saudade




Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

Pablo Neruda


quinta-feira, 14 de julho de 2011

Eu, grão de areia in http://poesias-escritos.blogspot.com


Eu, grão de areia
Autora: Solange Menezes

Vou fechar minha concha
e me esconder no Nácar
ficar ali nas dores
sofrer e chorar.

Ver quantos dias me caibo
quantos dias me acho
quantos dias preciso
para me machucar,
para sofrer e chorar.



escondida na concha
não me acho
ninguém me acha
nem precisa procurar.

mas ali dentro da concha
sendo um pequeno grão de areia
me alimentando no Nácar
fico e continuo sofrendo
e a concha se fechando
e as dores continuando
dores para machucar.

Quem sabe eu, grão de areia
depois desse sofrer bastante
abro a concha e me vejo brilhante
eu, Pérola a brilhar.

(Solange Menezes)

domingo, 10 de julho de 2011

Eu amo


Eu amo tudo o que foi
Tudo o que já não é
A dor que já não me dói
A antiga e errônea fé
O ontem que a dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.

Fernando Pessoa

Há momentos




Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.

Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.

O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre.

Clarice Lispector

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Elogio da sombra


Elogio da sombra

A velhice (tal é o nome que os outros lhe dão)
pode ser o tempo de nossa felicidade.
O animal morreu ou quase morreu.
Restam o homem e sua alma.
Vivo entre formas luminosas e vagas
que não são ainda a escuridão.
Buenos Aires,
que antes se espalhava em subúrbios
em direção à planície incessante,
voltou a ser La Recoleta, o Retiro,
as imprecisas ruas do Once
e as precárias casas velhas
que ainda chamamos o Sul.
Sempre em minha vida foram demasiadas as coisas;
Demócrito de Abdera arrancou os próprios olhos para pensar;
o tempo foi meu Demócrito.
Esta penumbra é lenta e não dói;
flui por um manso declive
e se parece à eternidade.
Meus amigos não têm rosto,
as mulheres são aquilo que foram há tantos anos,
as esquinas podem ser outras,
não há letras nas páginas dos livros.
Tudo isso deveria atemorizar-me,
mas é um deleite, um retorno.
Das gerações dos textos que há na terra
só terei lido uns poucos,
os que continuo lendo na memória,
lendo e transformando.
Do Sul, do Leste, do Oeste, do Norte
convergem os caminhos que me trouxeram
a meu secreto centro.
Esses caminhos foram ecos e passos,
mulheres, homens, agonias, ressurreições,
dias e noites,
entressonhos e sonhos,
cada ínfimo instante do ontem
e dos ontens do mundo,
a firme espada do dinamarquês e a lua do persa,
os atos dos mortos,
o compartilhado amor, as palavras,
Emerson e a neve e tantas coisas.
Agora posso esquecê-las. Chego a meu centro,
a minha álgebra e minha chave,
a meu espelho.
Breve saberei quem sou.


Jorge Luis Borges

(1899-1986)

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Desassossego


"Tinha-me levantado cedo e tardava em preparar-me para existir.""Era a ocasião de estar alegre. Mas pesava-me qualquer coisa, uma ânsia desconhecida, um desejo sem definição, nem até reles. Tardava-me, talvez, a sensação de estar vivo. E quanto me debrucei da janela altíssima, sobre a rua para onde olhei sem vê-la, senti-me de repente um daqueles trapos húmidos de limpar coisas sujas, que se levam para a janela para secar, mas se esquecem, enrodilhados, no parapeito que mancham lentamentamente."

* * *
Bernado Soares

Alguém

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!

Florbela Espanca

sexta-feira, 1 de julho de 2011

O amor


O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

Fernando Pessoa

Os poemas


OS POEMAS

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Mário Quintana

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Ás vezes


Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada.

Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram.

Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição.

Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés.

Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido.

Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer.

Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho…o de mais nada fazer.


Clarice Lispector

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Quando você era pequeno

Dedico este texto em homenagem ao meu sogro que um dia passou pela minha vida e trouxe tantas contribuições, e ontem, ele deixou de escrever mais uma página da sua vida: Faleceu.

Quando você era bem pequeno...

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eles gastavam horas lhe ensinando

a usar talheres nas refeições...

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ensinando você a se vestir,

amarrar os cadarços dos sapatos,

fechar os botões da camisa.

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Limpando-o quando você sujava suas fraldas

lhe ensinando a lavar o rosto a se banhar

a pentear seus cabelos...
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lhe ensinando valores humanos...

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Por isso...

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quando eles ficarem velhos um dia...

e seria bom que todos pudessem chegar até aí

(não preciso explicar... não é?)

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quando eles começarem a ficar mais esquecidos

e demorarem a responder...

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não se chateie com eles...
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quando eles começarem a esquecer

de fechar botões da camisa,

de amarrar cadarços de sapato...
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quando eles começarem a se sujar nas refeições...

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quando as mãos deles começarem a

tremer enquanto penteiam cabelo...
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por favor, não os apresse...

porque você está crescendo aos poucos,

e eles envelhecendo...
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basta sua presença... sua paciência... sua generosidade... sua retribuição...
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para que os corações deles fiquem aquecidos...
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se um dia eles não conseguirem

se equilibrar ou caminhar direito...
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segure firme as mãos deles e os acompanhe

bem devagar respeitando o ritmo deles durante a caminhada...

da mesma forma como eles respeitaram o seu ritmo

quando lhe ensinaram a andar...
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fique perto deles... assim como...
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eles sempre estiveram presentes em sua vida,

sofrendo por você... torcendo por você...

E vivendo “por você”

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"Não eduque seu filho para ser rico, eduque-o para ser feliz.

Assim ele saberá o VALOR das coisas e não o seu PREÇO"

Max Gehringer

domingo, 22 de maio de 2011

Rhiannon


Oração à Rhiannon

CANTEM OS PÁSSAROS DE OURO.
TRAGAM ESPERANÇAS PARA AS ALMAS OCUPADAS.
CANTO EM HONRA A RHIANNON,
GRANDE RAINHA, DEUSA DO CAVALO.
QUE MINHA CARGA SEJA LEVE.
AJUDE-ME EM MINHAS AFLIÇÕES.
ONDE POSSA HAVER DÚVIDA,
SEMEIE A VERDADE.
FAÇA COM QUE A CRISE
ENCONTRE O SEU FIM.
DIRIJA TODOS PASSOS DE NOSSA VIDA,
MÃE DA FERTILIDADE E DA MORTE,
NOS TRAGA A PAZ.
QUE ESTA CANÇÃO LHE SEJA DOCE.
CONFORTE MINHA ALMA,
QUE MINHA PENA SEJA BREVE
E QUE MEU CORAÇÃO PERMANEÇA INTEIRO.


A Deusa-cavalo galesa do Inferno, Rigatona ou Ringatona (Itália), Epona (Gália), Bubona (Escócia), Grande Deusa Branca eram alguns dos nomes originais de Rhiannon. É também conhecida como a deusa dos pássaros, dos encantamentos, da fertilidade e do submundo. Ela se identifica com a noite, a emoção, o sangue, a lua, o drama.

Rhiannon é a donzela saída do inframundo neste aspecto, relaciona-se com a deusa Perséfone. Sua iconografia vincula-se ao simbolismo eqüino. Andava em um cavalo branco, vestida com um manto de penas de cisnes, sempre acompanhada por seus pássaros mágicos. Ela é venerada na Irlanda, no País de Gales, na Gália (Epona), mas também aparece na Iugoslávia, África do Norte e Roma.

Algumas imagens de Rhiannon, onde ela se apresenta com cestas de frutos e flores, nos remetem ao simbolismo da fertilidade e abundância da terra. Parece que realmente sempre houve sua associação com as Deusas-Mães.

Há muitas histórias sobre Rhiannon. A história contada a seguir é uma entre tantas.

Rhiannon era uma deusa galesa da morte, filha de Hefaidd, Senhor do Outro Mundo. Vivia sempre acompanhada por três pássaros mágicos, que podiam encantar os vivos e acordar os mortos.

Rhiannon, por possuir rara beleza, tinha muitos pretendentes, incluindo Pwyll, um mortal, que era rei de Dyfed, assim como Gwalw, um deus de menor importância, filho de Clud. Gwalw, havia lhe proposto uma união, mas seu desejo foi casar-se com Pwyll. Ao ter conhecimento do desprezo de Rhiannon por Gwalw e sua união com Pwyll, seu pai lançou-lhe uma maldição, tornando-a estéril. Ela desgraçadamente não podia ser mãe. Os amigos de Pwyll tentaram então, a convencê-lo a tomar outra esposa, desde que Rhiannon era estéril e não poderia lhe dar um herdeiro. Mas o rei recusou, pois alegou amar sua esposa.

Rhiannon, desesperada, utiliza-se da magia para conseguir engravidar e deu a luz a um filho, o herdeiro para o rei. Mas pouco depois do nascimento, o menino é raptado. As donzelas responsáveis por cuidar dele, com medo de serem acusadas pelo seu desaparecimento, mataram alguns pássaros, esfregaram o sangue dos animais no rosto e nas vestes de Rhiannon, acusando-a de ter devorado o filho. Foi quando Pwyll estabeleceu um castigo para o seu alegado crime, transformou-a simbolicamente em um cavalo e deveria carregar todos os hóspedes do marido nas costas.

Decorridos sete anos, o deus Teyrnon encontrou um menino, que imediatamente reconheceu como filho de Pwyll e Rhiannon. Transportou-o de volta ao seio da família, que acabou por descobrir que o seqüestrador tinha sido Gwalw, que agira desta forma para vingar-se.

Esta lenda nos demonstra que, muito embora Rhiannon tenha passado por dificuldades e sofrimentos, separação e perda e mesmo depois de ter sido acusada e castigada injustamente, não perdeu sua dignidade e honra. Ela nos revela neste episódio a sua grandeza interior, não tão somente como uma grande deusa, mas como uma fortaleza de mulher.

Rhiannon, representa a Mãe da Consolação, que dedica-se e ama às crianças. Podemos identificá-la nas mulheres do nosso dia-a-dia. São na maioria mulheres fortes e lutadoras, como também sobreviventes da violência doméstica.

Esta deusa é também o arquétipo da Senhora Godiva, uma mulher que monta nua coberta somente com um véu um cavalo branco. Rhiannon dos pássaros, da égua branca do mar é a deusa donzela do amor sexual. Ela é virgem significando que é completa em si. A "Donzela" é a face mais jovem da deusa, relacionado com os descobrimentos e aspectos mais criativos da nossa personalidade. É pura inocência e despreocupação, é alegria de viver. Se associa também com a primavera que celebramos durante o Festival de Ostara.

Fonte: Avallonlist

Lady Godiva

Falar de Lady Godiva muitos acham que é falar de Lady Gaga, não meus queridos leito

res, e muitos, não conhece a, quando disseram me que pareço com a Lady Godiva. Para mim é um elogio!, por isso amigos leitores, que estou postando a Lenda de Lady Godiva, retirada do link:


pt.wikipedia.org/wiki/Lady_Godiva

Diz a lenda que a bela Lady Godiva teve pena ....
Conta a lenda que havia um vila chamada Coventry. Um homem chamado Leofric era um importante funcionário do governo cuja atribuição era determinar a maneira como os impostos eram cobrados dos moradores do local.

Godiva era a dedicada esposa de Leofric. Ela era também, uma experiente amazona. Tinha também, apurado gosto por festas, artes e conhecimento.

Nos seus passeios equestres foi conhecendo melhor a vida dos camponeses e teve pena da sua existência miserável.

E foi desta forma que percebeu que a maior parte da vida destas pessoas era dedicada ao esforço para conseguirem o seu sustento, algo para vestir e formas de se protegerem sob um teto. Antes de perceber essa dura realidade, Godiva tentou levar às massas o gosto pela beleza e pela arte, sem muito sucesso, através da abadia que fundara com o marido.

Como se não bastasse todos os problemas dos camponeses, os impostos cobrados por Leofric eram absurdamente altos. Eram colocados sobre tudo o que ele pensasse, chegando ao ponto de existir mesmo um imposto sobre o estrume vendido e usado nos campos.

Godiva decidiu então que os impostos teriam de baixar para melhorar a vida dos camponeses e para lhes proporcionar o acesso às artes. Mas a conversa que teve com o marido acerca do assunto não correu muito bem e ele não aceitou a idéia. E ainda, para castigar a mulher, decretou um imposto sobre todas as obras de arte, a maior parte pertencente a Godiva.

Godiva, no entanto, continuou a insistir veementemente para que o marido abaixasse os impostos. Leofric, já sem paciência, sugeriu a mulher um acordo, imaginando que ela jamais aceitaria. Disse-lhe que se cavalgasse inteiramente nua por toda a vila, então ele não apenas atenderia ao seu pedido, como retiraria todos os impostos já existentes.

Para a surpresa de Leofric sua esposa aceitou o desafio. Foi marcada uma data para o evento.

O dia chegou e Godiva cumpriu sua promessa. Enquanto cavalgava inteiramente nua pelas ruas de Coventry, toda a população permaneceu trancada em casa, com portas e janelas fechadas, em respeito à Godiva.

Apenas um homem se atreveu a observar Godiva. Diz a lenda que ele teria ficado cego no mesmo instante.

E assim os impostos foram retirados! Leofric cumpriu sua palavra, reconhecendo a coragem e os esforços de sua esposa Lady Godiva.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Viva a Literatura: Eu preciso de você

Viva a Literatura: Eu preciso de você: "Deixa-me lembrar de você Para recuperar meu sorriso As lágrimas insistem em correr Mas de ti eu preciso Segura minha mão Seja meu por..."

Eu preciso de você


Deixa-me lembrar de você

Para recuperar meu sorriso

As lágrimas insistem em correr

Mas de ti eu preciso


Segura minha mão

Seja meu porto seguro

Não me deixes aqui no chão

Implorando um pouco de futuro


Fica aqui comigo

Como ficavas nas madrugadas

Você era todo abrigo

Dando força para seguir a estrada


Me pega no colo, deixa eu pousar

Minha cabeça no teu peito

As lágrimas vão te molhar

Mas teu coração me abriga de todo jeito



Helena Cristina

IntervaloQuem te disse ao ouvido esse segredo Que raras deusas têm escutado — Aquele amor cheio de crença e medo Que é verdadeiro só se é segredado?... Quem te disse tão cedo? Não fui eu, que te não ousei dizê-lo. Não foi um outro, porque não sabia. Mas quem roçou da testa teu cabelo E te disse ao ouvido o que sentia? Seria alguém, seria? Ou foi só que o sonhaste e eu te o sonhei? Foi só qualquer ciúme meu de ti Que o supôs dito, porque o não direi, Que o supôs feito, porque o só fingi Em sonhos que nem sei? Seja o que for, quem foi que levemente, A teu ouvido vagamente atento, Te falou desse amor em mim presente Mas que não passa do meu pensamento Que anseia e que não sente? Foi um desejo que, sem corpo ou boca, A teus ouvidos de eu sonhar-te disse A frase eterna, imerecida e louca — A que as deusas esperam da ledice Com que o Olimpo se apouca. Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"