terça-feira, 30 de novembro de 2010
Sete
7Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o Outro.
Mário de Sá-CarneiroIn:www.astormentas.com
acesso 30/11/2010
Dispersão
Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto
E hoje, quando me sinto.
É com saudades de mim.
Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar,
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...
Para mim é sempre ontem,
Não tenho amanhã nem hoje:
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem.
(O Domingo de Paris
Lembra-me o desaparecido
Que sentia comovido
Os Domingos de Paris:
Porque um domingo é família,
É bem-estar, é singeleza,
E os que olham a beleza
Não têm bem-estar nem família).
Pobre moço das ânsias...
Tu, sim, tu eras alguém!
E foi por isso também
Que me abismastes nas ânsias.
(...)
Mário de Sá-CarneiroIn:www.astormentas.com acesso 30/11/2010
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Viva a Literatura: mostra Cultural Teatro Escola Macunaíma
Viva a Literatura: Amostra Cultural Teatro Escola Macunaíma: "Estréia de Camila Vidigoi (minha Filha), peça: Roda Viva, de Chico Buarque de Hollanda, nos dias: 11, 12 e 13 de dezembro. Local: R. Adolfo..."
Viva a Literatura: Amostra Cultural Teatro Escola Macunaíma
Viva a Literatura: Amostra Cultural Teatro Escola Macunaíma: "Estréia de Camila Vidigoi (minha Filha), peça: Roda Viva, de Chico Buarque de Hollanda, nos dias: 11, 12 e 13 de dezembro. Local: R. Adolfo..."
mostra Cultural Teatro Escola Macunaíma
Sou
"Sou o que sabe não ser menos vão
Que o vão observador que frente ao mudo
Vidro do espelho segue o mais agudo
Reflexo ou o corpo do irmão.
Sou, tácitos amigos, o que sabe
Que a única vingança ou o perdão
É o esquecimento. Um deus quis dar então
Ao ódio humano essa curiosa chave.
Sou o que, apesar de tão ilustres modos
De errar, não decifrou o labirinto
Singular e plural, árduo e distinto,
Do tempo, que é de um só e é de todos.
Sou o que é ninguém, o que não foi a espada
Na guerra. Um esquecimento, um eco, um nada".
Jorge Luis Borges, in "A Rosa Profunda
domingo, 28 de novembro de 2010
Nunca fui
Nunca fui como todos
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só...
Florbela Espanca
sábado, 27 de novembro de 2010
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Hoje eu amanheci assim
Assim eu vejo a vidaA vida tem duas faces:Positiva e negativaO passado foi duromas deixou o seu legadoSaber viver é a grande sabedoriaQue eu possa dignificarMinha condição de mulher,Aceitar suas limitaçõesE me fazer pedra de segurançados valores que vão desmoronando.Nasci em tempos rudesAceitei contradiçõeslutas e pedrascomo lições de vidae delas me sirvoAprendi a viver.Cora Coralina
domingo, 21 de novembro de 2010
A beleza condena
Psiquê era bela e por sua beleza foi condenada á inveja, a morte, a não ser.Vítima de sua propria beleza e inocente, sofre consequencias decorrente da inveja, ou dos mortais ou dos imortais. Psiquê quando viu a imagem do seu amante,logo, a analogia a sua imagem e a imagem do outro siginifica que ela ama o que reflete e reflete-se no que ama. Será essas explicações, por que ter o objeto desejado (Eros), vejamos quando Psiquê realiza as tarefas ao mesmo tempo ela transcede aos limites que o Amor impõe. Ou o Amor é o des(limite) deslimite entre a tarefa ardua e a conquista do objeto?
No espelho, vemos o que somos e o que não somos. Entre as muitas finalidades que lhe atribuem está a de captar, com a imagem que nele reflete, a alma do refletido, será que foram vítimas da ilusão, a de que a imago, a imagem, a umbra, a sombra é a única realidade posta diante de seus olhares.In Vidigoi, Ivete - Dissertação de Mestrado.
No espelho, vemos o que somos e o que não somos. Entre as muitas finalidades que lhe atribuem está a de captar, com a imagem que nele reflete, a alma do refletido, será que foram vítimas da ilusão, a de que a imago, a imagem, a umbra, a sombra é a única realidade posta diante de seus olhares.In Vidigoi, Ivete - Dissertação de Mestrado.
Eros e Psique
Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,
E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.
Fernando Pessoa
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,
E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.
Fernando Pessoa
A Psiquê e o espelho
in: mais.uol.com.br acesso 21/11/2010
No universo mitológico, há também o mito de Eros e Psiquê, a narrativa traz; Sofrimentos, torturas, depressões e tentativas de suicídio são viv~encias em todo o seu relacionamento com Eros, o amor. Ele é visto como um grande torturador e não como um querubim bondoso como mostra a imagem de Cupido. A partir deste mito existe várias possibilidades para fazermos analogias, ou seja, demonstra o que ocorre dentro e fora das pessoas.
Segundo Brandão (2000:209-50, v.II), havia um rei que tinha três filhas. A caçula, Psiquê, se destacava das demais por sua beleza e era adorada pelos homens como se fosse Afrodite. Isso causou inveja na deusa, que enviou seu filho Eros, de maus costumes, para fazer Psiquê se apaixonar por um homem que fosse o mais feio dos mortais.
O rei casou as suas duas filhas e, preocupado com a caçula, consultou um oráculo. Foi-lhe revelado que a jovem deveria ser conduzida ao alto de um rochedo, onde se uniria a um monstro horrível. A promessa foi cumprida, mas Eros, em vez de obedecer as ordens da mãe, acabou apaixonando-se por Psiuê e levou-a para um belo castelo. Lá, todas as noites, ele a amava, com uma condição: jamais a sua identidade seria revelada á amada ou a outras pessoas. Fama, uma divindade de multiplicidade de olhos e ouvidos, contou a todos a paz em que Psiquê vivia. As irmãs, invejosas, arquitetaram um plano para desgraçar a vida de Psiquê. Vidigoi, Ivete. O espelho e a duplicação do eu.PUC/SP - 2005
Psiquê ingênua aceitou o que suas irmãs disseram e descobriu quem era o seu amado. Abandonada Psiquê saiu á procura de seu amor. E enfrentou sua sogra e rival, Afrodite, que deu a ela quatro missões impossíveis de serem cumpridas, com o bojetivo de destruir a pobre mortal. Psiquê, com o auxílio dos elementos mágicos, venceu os obstáculos. Eros foi á procura de Psiquê e teve o consentimento de Zeus para transformá-la em uma imortal. Assim uniu-se a Eros e teve uma filha chmada Volúpia.
No universo mitológico, há também o mito de Eros e Psiquê, a narrativa traz; Sofrimentos, torturas, depressões e tentativas de suicídio são viv~encias em todo o seu relacionamento com Eros, o amor. Ele é visto como um grande torturador e não como um querubim bondoso como mostra a imagem de Cupido. A partir deste mito existe várias possibilidades para fazermos analogias, ou seja, demonstra o que ocorre dentro e fora das pessoas.
Segundo Brandão (2000:209-50, v.II), havia um rei que tinha três filhas. A caçula, Psiquê, se destacava das demais por sua beleza e era adorada pelos homens como se fosse Afrodite. Isso causou inveja na deusa, que enviou seu filho Eros, de maus costumes, para fazer Psiquê se apaixonar por um homem que fosse o mais feio dos mortais.
O rei casou as suas duas filhas e, preocupado com a caçula, consultou um oráculo. Foi-lhe revelado que a jovem deveria ser conduzida ao alto de um rochedo, onde se uniria a um monstro horrível. A promessa foi cumprida, mas Eros, em vez de obedecer as ordens da mãe, acabou apaixonando-se por Psiuê e levou-a para um belo castelo. Lá, todas as noites, ele a amava, com uma condição: jamais a sua identidade seria revelada á amada ou a outras pessoas. Fama, uma divindade de multiplicidade de olhos e ouvidos, contou a todos a paz em que Psiquê vivia. As irmãs, invejosas, arquitetaram um plano para desgraçar a vida de Psiquê. Vidigoi, Ivete. O espelho e a duplicação do eu.PUC/SP - 2005
Psiquê ingênua aceitou o que suas irmãs disseram e descobriu quem era o seu amado. Abandonada Psiquê saiu á procura de seu amor. E enfrentou sua sogra e rival, Afrodite, que deu a ela quatro missões impossíveis de serem cumpridas, com o bojetivo de destruir a pobre mortal. Psiquê, com o auxílio dos elementos mágicos, venceu os obstáculos. Eros foi á procura de Psiquê e teve o consentimento de Zeus para transformá-la em uma imortal. Assim uniu-se a Eros e teve uma filha chmada Volúpia.
domingo, 14 de novembro de 2010
A busca do Outro
mensagensdiarias.com.br e a fonte da imagem ao lado data do acesso 14.11.10
Miguet (2000), no início o homem era único e perfeito. por transgressões e revolta contra os deuses, foi punido com a divisão em dois gêneros: Masculino e feminino. Após essa experiência dolorosa de cisão, surgiu a dualidade da condição humana (em outras palavras, a ferida decorrente dessa cisão permanece aberta, pois a dor no caso, é permanente, só encontra o consolo quando no eu encontrado o seu outro eu). A outra metade se manifesta pela busca desta metade perdida, uma busca incessante, que visa á recomposição e reunificação das metades separadas. Trecho da minha dissertação - O espelho e a duplicação do eu - PUC/SP - 2005.
No livro "Eu e outras poesias" de Augusto dos anjos Ed. Martin Claret (2009) Logo na introdução: O "Eu" é um livro de sofrimento, de verdade e protesto: sofre as dores que dilaceram o homem e aquelas do cosmoa: e, na multiplicidade dos fenômenos e na grandeza dos mistérios insondáveis - assim escreveu o poeta,sempre molhando a pena na chaga aberta do coração... p.28 in: Anjos, eu e outras poesias, ed. Martin,
Rasga essa máscara ótima de seda
E atira-a á arca ancestral dos palimpsestos...
É noite, e, á noite, a escândalos e incestos
É natural que o instinto humano aceda!
Augusto dos anjos
Em sala de aula começei a discorrer sobre Mário Quintana, em sua obra: O poema-retrato,em cima dos comentários: Dra. Beth Brait in: Língua portuguesa, Ano 4, Nr. 51 - Janeiro de 2010.Em obra aberta. Ela diz que a sua análise em o "Autorretrato", apresenta um soneto enxuto, de ritmo rápido, permeado de reticencias, o eu-lírico surprende-se na meticulosa tentativa de compor seu retrato. Ou seja, compor-se e enxergar-se por meio da pintura/ desenho/ poema, reconhecer-se na analogia com a natureza, com as coisas perdidas, significar para si e para os outros.
No retrato que me faço
-traço a traço-
ás vezes me pinto nuvem,
ás vezes me pinto árvore...
(...)
no final, que restará?
um desenho de criança...
Corrigido por um louco!
Mário QuintanaFaço uma reflexão e gostaria de compartilhar com vocês, leitores, quando os homens não mais hesitam na busca de si consigo mesmos, cessam as dúvidas, os medos e as angustias, e retomando o verso de Mário Quintana: "No final, que restará?"
Gemidos de arte - Augusto dos Anjos
Esta desilusão que me acabrunha
É mais traidora do que foi Pilatos!...
Por causa disto, eu vivo pelos matos.
Magro, roendo a substância córnea da unha.
Tenho estremecimentos indecisos
E sinto, haurindo o tépido ar sereno,
O mesmo assombro que sentiu Parfeno
Quando arrancou os olhos de Dionisios!
Em giro e em redemoinho em mim caminham
Ríspidas mágoas estranguladoras,
Tais quais, nos fortes fulcros, as tesouras
Brônzeas, também giram e redemoinham.
(...)
Observamos que os poetas sempre quis passar alguma mensagem, seja ela de dor, amor, esperança, vida, morte, aquilo que o homem desconhece.
É mais traidora do que foi Pilatos!...
Por causa disto, eu vivo pelos matos.
Magro, roendo a substância córnea da unha.
Tenho estremecimentos indecisos
E sinto, haurindo o tépido ar sereno,
O mesmo assombro que sentiu Parfeno
Quando arrancou os olhos de Dionisios!
Em giro e em redemoinho em mim caminham
Ríspidas mágoas estranguladoras,
Tais quais, nos fortes fulcros, as tesouras
Brônzeas, também giram e redemoinham.
(...)
Observamos que os poetas sempre quis passar alguma mensagem, seja ela de dor, amor, esperança, vida, morte, aquilo que o homem desconhece.
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