Powered By Blogger

domingo, 26 de dezembro de 2010

SONETO DO SÓ


SONETO DO SÓ


(Parábola de Malte Laurids Brigge)




"Depois foi só. O Amor era mais nada


Sentiu-se pobre e triste como Jó


Um cão veio lamber-lhe a mão na estrada


Espantado, parou. Depois foi só.






Depois veio a poesia ensimesmada



Em espelhos. Sofreu de fazer dó


Viu a face de Cristo ensanguentada


Da sua, imagem - e orou. Depois foi só.






Depois veio o verão e veio o medo


Desceu de seu castelo até o rochedo


Sobre a noite e do mar lhe veio a voz






A anunciar os anjos sanguinários...


Depois cerrou os olhos solitários


E só então foi totalmente a sós.






Vinicius de Moraes

Nenhum comentário:

Postar um comentário